Ol@,
Eu sou o Gleidson, moro em João Pessoa, PB e sou usuário de software desde os meus 14 anos, quando por falta de hardware meu computador foi equipado com o Conectiva Linux e não com o Windows 95. Enquanto apenas usuário, estudante, profissional, em todas essas fases estive envolvido com software livre e comunidades.
Por isso, antes de mais nada, não me surpreendo com a estranheza do brasileiro em misturar comunidade e modelo de negócios. Por aqui, software livre ainda é tido por cerveja grátis e não por liberdade de expressão. Logo cedo num dos primeiros Fórum Internacional Software Livre – fisl, lembro de assistir uma palestra do Maddog sobre a sustentabilidade de negócios baseados em software livre e o que mais me marcou foi a discussão que houve após a palestra sobre o modelo de doação direta aos desenvolvedores versus o patrocínio de parceiros em um modelo de serviços.
O modelo de doação direta resultou em milhares de projetos, bons projetos em sua maioria, morressem. Outros que tinham um mercado que necessitava de sua manutenção, mudaram a tempo para um modelo híbrido, em fundações que contratam desenvolvedores, como Mozilla, Apache e Linux, sendo sustentadas por grandes empresas como Red Hat, IBM, HP e outras. Os projetos que conseguiram se sustentar por um modelo de negócios, tendo sinergia entre comunidade e empresas parceiras acabaram sendo imprescendíveis para termos software livre em todo o mercado de TI&C atual.
O Conectiva Linux ao trazer pela primeira vez pra América Latina a prova da Linux Professional Institute Certification (LPIC), permitiu ao mercado de profissionais migrarem de plataforma e outros, como eu, ingressarem certificados garantindo às empresas e corporações a qualidade do conhecimento e das práticas do profissional de software livre.
Faço parte dessa geração que teve que ralar muito em encontros, eventos, palestras, levando porta na cara de empresas dizendo que software livre era coisa de vagabundo, que negócios se fazia era com software proprietário. Faço parte dessa comunidade que usou o Moodle, instalou atualizações com correções, atualizações de segurança, melhoramento de código, aprimoramento e invenção de funcionalidades, que só teve acesso a isso porque uma empresa da Austrália e diversas empresas ao redor do mundo se esforçaram para tal e mostrando que o modelo de negócios do software livre é viável e o que garante melhor retorno do investimento para os clientes.
Enquanto esses parceiros retornavam ao Moodle pagamento em dinheiro por seus serviços qualificados e tendo que atender uma série de obrigações e padrões para poder usar uma marca comercial, estavam providenciando o seu próprio sustento, dos seus funcionários e do ambiente virtual de aprendizado que todos aqui amamos, usamos e precisamos.
O que mais me entristece é ver quanto esforço é desprendido em tentar criar constrangimento e embaraço aos parceiros quando estes querem se engajar na comunidade para apoiá-la. Nenhuma comunidade pode ter donos que se sintam ameaçados na sua soberania, deve haver confluência para que todos possamos nos beneficiar e sermos beneficiados sem animosidade.
Espero que a comunidade de fato mude de figura para uma ágora livre e democrática onde cada um possa dentro do seu direito e, respeitando um ao outro, exercer sua atividade dentro das regras mínimas de civilidade e educação.
Creio que é da vontade de cada pessoa nesse processo colaborar, como Dr Stallman sempre postula: compartilhar é bom, reter é ruim.
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Gleidson Lacerda Medeiros
moodler e apaixonado por software livre